O tempo e seus silêncios!

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Por Tania Maria Pellin

“Trabalho com crianças há algum tempo, e cada uma tem uma rotina singular. Embora possamos identificar padrões peculiares em muitas famílias, a dinâmica muda completamente quando nos deparamos com crianças que vivem a renúncia de um dos genitores. Mesmo com toda a experiência, há momentos em que nos deparamos com a dor estampada no olhar de uma criança que enfrenta o afastamento de um pai ou mãe—e, diante disso, simplesmente não há respostas fáceis… É uma dor silenciosa, que acompanha o desenvolvimento e que, muitas vezes, não sabemos como amenizar.”

A Pedagogia e a Psicologia atuam em conjunto para buscar alternativas que minimizem essa situação, promovendo o bem-estar e oferecendo suporte para lidar com os desafios. Porém, nada toca mais profundamente do que o olhar de uma criança, carregado de sentimentos que nem sempre podem ser traduzidos em palavras. É um olhar que expressa dor.

Certa vez, uma doce e meiga garotinha da Escolinha de determinada igreja, ao confeccionar um cartão para o dia dos pais, se porta de maneira reprimida, triste e distante. Em seus olhinhos podia-se perceber a tristeza, a insatisfação, a dor da ausência.

A linda garotinha desce da sala das crianças junto com alguns amiguinhos, todos felizes, com cartões nas mãos, com o rosto todo pintado com batom vermelho, escrito a palavra “papai”. Todos estavam com um ar festivo, afinal era o tão esperado “Dia dos Pais”.

Aquela pequena sabia, “seu pai não estaria presente”. Ela olhava para todos, parecia procurar em meio a multidão por aquele que ela queria chamar de papai. Mas ele não estava lá. Seus olhinhos então se enchem de lágrimas. Pude sentir a dor que ela estava sentindo. Procurei deixá-la descontraída, oferecendo afeto e segurança em meus braços, mas ela se recusou, e abraçando o próprio corpo em sinal de desespero começou a chorar. Não a questionei, pois entendi o porquê.

Sabia perfeitamente que sentimentos como: culpa, raiva, frustração, tristeza, saudade e ansiedade estavam rondando seu coraçãozinho. Naquele momento senti a dor dela. Uma cena que jamais esquecerei, minha garotinha, usando um lindo vestido no tom Rosa Claro/Light Pink, um sapato com fivelas e meias brancas com babadinhos, estava ali, num banco frio de uma igreja. Sendo de maneira dolorida, forjada para uma vida que traz decepções inexplicáveis em momentos inoportunos.

Como pais, precisamos estar preparados para as diversas situações que a vida nos apresenta. Acima de tudo, estar presente na caminhada de nossos filhos. Momentos perdidos jamais serão recuperados. Como o vento pode esculpir uma rocha, a dor, a tristeza pode moldar inocentes crianças de maneira que foge as nossas expectativas.

Precisamos entender as necessidades individuais de nossos filhos. Cada um tem uma personalidade, e, em comum uma mãe. E esta, muitas vezes precisa se equilibrar, pois exerce uma dupla função dentro da família, sendo ao mesmo tempo fonte de afeto, proteção e orientação.

Deixo aqui, uma sugestão: aproveite cada segundo junto aos seus filhos, o tempo passa muito rápido e também nos ensina, diz Fernando Pessoa, “No ciclo do tempo, o que é efêmero também é eterno.” Os momentos ficarão registrados em nossa memória por toda uma vida. “O tempo é um rio que nunca para, levando sonhos e esperanças na correnteza.”

Aproveite o seu tempo, rompa com o silêncio!

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