O amor e a modernidade, fascínio e nuances!

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Por Tânia Maria Pellin

 

Na modernidade, compreender o significado do amor pode ser um verdadeiro desafio, pois ele está constantemente evoluindo junto com a sociedade. As interações humanas estão sendo moldadas por novas tecnologias, mudanças culturais, e valores sociais em transformação.

Tudo se move de maneira acelerada, há alguns anos os relacionamentos eram sólidos, no início era um flerte, uma paquera que era algo demorado, buscava-se vislumbrar a presença da pessoa e, aos poucos entre trocas de olhares iniciava o namoro. Belos tempos de outrora, pegar na mão, aquele beijo tão esperado. Contava-se nos dedos os dias para que o final de semana chegasse e pudéssemos encontrar aquele, aquela, que nos impulsionava a sonhar, o namorado, a namorada.

Depois de um longo período acontecia o noivado. Período de preparação para o casamento, enxovais eram tecidos, bordados, tantas ilusões e fantasias faziam parte desse momento que antecedia o casamento.

E assim, o grande dia chegava tantos convidados, a parentela toda presente. A noiva deslumbrante com aquele vestido dos contos de fadas e um sorriso que contagiava a todos, o encanto por ela, era certo, ela sempre estava deslumbrante.  Mas, também havia as noivas tristes, que escondiam por trás de um falso sorriso a dor de não se casar com o amor de seus sonhos. Muitos diriam, “ela chora de felicidade”, mas será? Não conseguiam perceber a dor em seu olhar, que revela sentimentos profundos de tristeza e sofrimento.

E assim, uns felizes, outros nem tanto, a vida a dois iniciava, agora casados e era para uma vida. Era perene, havia cumplicidade. Sonhava-se com aquele momento. Planos eram traçados. O casamento era duradouro. Aquelas palavras ditas pelo padre eram de fato vivenciadas, “até que a morte os separe.”

Os tempos mudaram não é mesmo? “Agora os tempos são líquidos, assim como a água muda constantemente, nada é feito para durar. Nada é sólido tudo se vai.” Zygmunt Bauman.

No agora, aquele amor de nossos avôs está extinto! Estamos fragilizados emocionalmente. O medo de amar, de sofrer é constante. Armamo-nos, nos defendemos, fugimos de compromissos. O amor se torna líquido, escapa por entre os dedos.  Acabamos por desaprender o que é o amar.

Aquela serenidade que existia nos tempos de namoro, acaba por dar lugar ao aqui e agora. Os olhares de cruzam e já estão a morar juntos. Mas é um relacionamento frágil, pode-se comparar a esquiar no gelo fino, a qualquer momento pode romper. Não é solido o bastante para enfrentar os desafios do dia a dia. As diferenças então, nem pensar!

Nos dias atuais, qual seria a lógica do amor? Por que amar? Por que me prender a alguém emocionalmente? Percebemos então que o amor é um risco tão alto, que parece valer à pena, somente se o outro for perfeito. Como se fosse um quadro pintado que retrata a própria perfeição. Tudo esquematizado simetricamente.

Se por um lado o amor líquido é aquele descartável, fugaz, sem compromisso, o amor retratado por Sheakspeare em sua obra clássica Romeu e Julieta, ainda encanta e seduz a muitos, que sonham encontrar algo semelhante, um amor eterno e intenso.

Ah, esse amor, que chega de repente de maneira inesperada, sem nos permitir um tempo para nos preparar, vem como uma avalanche, imprevisível, avassaladora a tomar corações desde os mais jovens aos mais experientes. Que ele volte a ser como um dia já foi. Que possamos, no tempo presente nos render ao verdadeiro amor.

Na sociedade atual, não conseguimos acompanhar a velocidade com que as coisas acontecem nos perdemos, as mudanças são constantes e rápidas. Ficamos num estado constante de incertezas. “A única coisa que podemos ter certeza é a incerteza.” Zygmunt Bauman reflete: “pensando bem, é melhor que o ser amado seja uma tela em branco, assim poderemos pintar a versão que quisermos em relação a quem amamos.”

Qual seria a versão que lhe agradaria?

Está preparado para tal modernidade?

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